Uma das principais reivindicações das últimas campanhas salariais, o concurso público não vem sendo tratado com a atenção que merece pela Cagece e o Governo do Estado. O último concurso aconteceu há 10 anos. A defasagem de novos quadros vem comprometendo o atendimento da empresa, tendo em vista que a Cagece é a terceira companhia do Nordeste em menor número de funcionários próprios, ao mesmo tempo em que possui uma das maiores demandas de atendimento da região. Em muitos bairros de Fortaleza, a população convive com deficiência no abastecimento de água. O número de terceirizados da empresa é três vezes maior que o de funcionários. A situação fere a Constituição Federal que define o concurso público como única via de acesso ao serviço público. Em Sobral, a Justiça do Trabalho obrigou o SAAE a realizar concurso público por estar terceirizando atividades-fins da autarquia.
“Os próprios trabalhadores terceirizados acabam sendo vítimas desta política ilícita por ganharem salários menores e não terem os mesmos benefícios de um concursado”, ressalta Jadson Sarto, coordenador geral do Sindiagua. Jadson defende a realização de um concurso com critérios de seleção diferenciada para trabalhadores que já tem experiência no setor de saneamento.
Segundo ele, a prática das terceirizações é um resquício do neoliberalismo que ainda existe nos governos atuais e que precisa ser eliminado. “É preciso fortalecer o serviço público de saneamento, uma área essencial para a saúde e qualidade de vida da população. E isso passa pela valorização do trabalhador”, destacou.
Infelizmente, nesta campanha salarial, a Cagece não apresentou nenhuma proposta de cronograma para a realização do concurso, numa clara demonstração de falta de compromisso com a reivindicação da categoria. A empresa limitou-se dizer que ”envidará todos os esforços para realização do concurso durante a atual gestão”. A entidade se negou a aceitar o fechamento desta cláusula nestas condições e cobra uma garantia da realização do concurso. “Não basta a empresa dizer que vai fazer sem ao menos estipular prazos e condições. Isso demonstra desinteresse”, afirma Jadson Sarto.