Confira artigo do presidente do Sindiagua alusivo ao Dia Mundia da Água, publicado pelo jornal O Povo

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O jornal O Povo publicou na edição de hoje (20/03) artigo do presidente do Sindiagua, Jadson Sarto, alusivo ao Dia Mundial da Água, celebrado no próximo dia 22/03. No texto, o presidente da entidade alerta para os efeitos do Projeto de Lei (PL) 4.162/19, de autoria do Governo Bolsonaro, que pode desestruturar a política de saneamento, entregando a gestão da água a fortes grupos econômicos privados.

Confira o artigo:

Água, fonte de vida e não de lucro

O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade”. A frase é um trecho da Declaração Universal dos Direitos da Água, proclamada pela ONU no dia 22 de março de 1992 (data em que também celebramos o Dia Mundial da Água). No entanto, mesmo reconhecida pelos organismos internacionais como um direito que deve ser garantido a todos, há quem deseje transformar esse bem vital em um produto de mercado, sujeito a interesses privados.

Tramita no Senado o Projeto de Lei (PL) 4.162/19, de autoria do Governo Bolsonaro, que pode desestruturar a política de saneamento, entregando a gestão da água a fortes grupos econômicos privados. Tal medida praticamente obriga as prefeituras a contratar a iniciativa privada para assumir o setor. Movidas pelo lucro, o alvo das empresas privadas será somente as cidades populosas, o que coloca em risco o mecanismo solidário do subsídio cruzado que garante que o valor arrecadado com as tarifas dos municípios mais ricos viabilizem o abastecimento nas regiões pobres.

Não é de hoje que se busca privatizar a água. No final da década de 1990, o Sindiagua, juntamente com a sociedade cearense, venceu uma histórica luta contra tentativa semelhante liderada pelo então governador e hoje senador Tasso Jereissati, relator do PL 4.162/19. Mais recentemente, em 2018 e 2019, os movimentos sindicais, com a participação do Sindiagua, venceram a luta contra a aprovação de duas Medidas Provisórias com igual teor ao PL.

Privatizando a água, o Brasil caminhará em sentido oposto a um movimento mundial de reestatização do saneamento, que fez com que mais de 260 cidades do mundo revertessem suas privatizações nos últimos anos. Em Paris, Berlim, Buenos Aires, Atlanta e tantas outras cidades, a gestão privada resultou em aumentos exorbitantes de tarifas, maior desigualdade no acesso à água e esgoto e queda na qualidade do serviço, comprovando que a privatização (e as PPPs, como a defendida pelo Governo do Estado) são prejudiciais ao povo.

Ao invés de atender interesses privatistas, cabe aos governantes e parlamentares fortalecerem o saneamento público. Água como direito de todos e não lucro de poucos!

Jadson Sarto, presidente do Sindiagua