Em nota pública, Sindiagua cobra do Governador Camilo Santana a retirada do Ceará do Programa de Privatizações do Governo Temer

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A direção do Sindiagua publicou na edição desta terça (24/10) do jornal O Povo uma nota pública em que cobra do Governador Camilo Santana a retirada do Ceará do Programa de Privatizações do Governo Temer. No texto, o Sindicato critica a postura da Cagece em anunciar que não desistirá dos estudos para implantar o projeto de privatização da água disfarçada de PPP, ignorando todos os argumentos apresentados pela entidade, por pesquisadores nacionais e internacionais e por representantes de movimentos populares que comprovam a ineficácia e os prejuízos causa pelas privatizações/PPPs. O Sindiagua também cobra na nota uma reunião com o Governador, prometida há mais de seis meses. Confira o texto na íntegra:

GOVERNADOR, NÃO SIGA A CARTILHA PRIVATISTA PRATICADA PELO GOVERNO TEMER.
PRIVATIZAÇÃO DISFARÇADA DE PPP NÃO! ÁGUA É DIREITO DE TODOS.

Em reportagem publicada no Jornal O Povo nesta segunda, 23/10, lamentavelmente a Cagece anunciou que não pretende desistir dos estudos que estão sendo desenvolvidos para promover uma privatização da água disfarçada de PPP (Parceria Pública Privada). O projeto está sendo elaborado com financiamento público do BNDES, por meio de um Programa Nacional de Privatizações que integra a agenda de retrocessos do Governo Temer.
Se ratificar essa intenção, o Governador Camilo Santana, além de seguir fielmente a cartilha do Governo Temer, colocará o Ceará na contramão de uma forte tendência mundial de reestatizar os serviços públicos, especialmente de saneamento. Estudos internacionais apontam que, nos últimos 17 anos, foram registrados mais de 260 casos de reestatização de sistemas de água e esgoto em todo o mundo. Paris, Buenos Aires e Berlim estão entre as cidades que retomaram o serviço. O movimento mundial pela reestatização vem acontecendo após uma série de problemas recorrentes acarretados pelas experiências de privatização, entre eles aumentos exorbitantes de tarifas, queda na qualidade dos serviços, demissões em massa e exclusão social.
Segundo notícias já veiculadas pela imprensa, o projeto de privatização disfarçada de PPP que está sendo elaborado no Ceará pretende entregar para a iniciativa privada a operação e manutenção da água e esgoto das regiões metropolitanas de Fortaleza e do Cariri, justamente o ”filé” do setor de saneamento, de onde a Cagece tira a receita necessária para garantir o abastecimento de água dos 151 municípios onde opera. Sem esse recurso, quem arcará com o saneamento das populações que vivem em cidades com menor condição financeira? Afinal, a quem interessa esse projeto: à população ou ao lucro das grandes empresas?
Está comprovado, portanto, que deixar a água, um bem escasso e vital, nas mãos de empresas privadas é um modelo falido e um erro grave que trará prejuízos, sobretudo à população. Diante do exposto e da postura intransigente dos representantes do Governo do Estado na Cagece – que de forma absurda ignoraram todos os argumentos contrários à privatização disfarçada de PPP apresentados pelo Sindiagua, por especialistas e pesquisadores nacionais e internacionais, por parlamentares e por integrantes de movimentos populares em audiência pública realizada no dia 15/09 – o Sindiagua volta a cobrar do Governador Camilo Santana reunião prometida há mais de seis meses. A entidade pede que o Governador siga o exemplo dos oito estados que se retiraram do Programa Nacional de Privatizações. A população cearense não merece esse presente de grego no último ano de gestão do Governo Camilo Santana. Afinal não foi pra isso que os eleitores cearenses o elegeram.
O Sindiagua, que sempre lutou contra a privatização, convida toda a sociedade a se juntar na defesa da água como um bem público e um direito humano. Entregar o saneamento a empresários é fazer com que o interesse privado se sobreponha ao interesse público. Não às privatizações disfarçadas de PPPs! Água é direito de todos e não lucro de poucos!!