Os trabalhadores do SAAE de Russas suspenderam temporariamente a greve iniciada desde o dia 19 de junho. Em reunião com a categoria, na última terça (26/05), o prefeito de Russas assinou documento, dando a garantia de que não aceitará o modelo de concessão do serviço de saneamento que está em estudo na Cagece. O novo modelo poderá retirar os trabalhadores dos SAAEs de Russas, Fortim e Itapipoca – que diariamente cuidam do serviço de saneamento na cidade – para levá-los para outra área da gestão municipal, reduzindo ainda mais o quadro funcional do setor de saneamento no Estado. Segundo Jadson Sarto, a Cagece quer se livrar dos trabalhadores e “empurrá-los para a prefeitura”, sem diálogo com a categoria e sem mensurar que impacto isso pode gerar na folha salarial do município. Para ele, caso a prefeitura assuma os salários dos trabalhadores do SAAE, poderá haver demissões.
Além disso, o serviço de abastecimento de água e esgoto, que hoje é executado por trabalhadores profissionais treinados, poderá ficar nas mãos de pessoas sem experiência e conhecimento técnico, pondo em risco as demandas do saneamento da cidade.
A garantia dada pelo prefeito motivou a suspensão temporária da greve, mas a categoria ainda aguarda uma solução para os atrasos no pagamento dos reajustes salariais e benefícios conquistados no Acordo Coletivo de Trabalho. Há oito meses a categoria está sem receber salários reajustados, gratificações e plano de saúde. O questionamento da Procuradoria Jurídica da Cagece ao contrato de concessão com a prefeitura de Russas (contrato este que foi assinado pela empresa) tem sido usado como desculpa para tentar justificar os atrasos. A Cagece decidiu rever o contrato atual (que ainda está em vigor), mas, para isso, simplesmente decidiu suspender os repasses dos pagamentos, num claro desrespeito aos trabalhadores, suas famílias e à população de Russas.
Várias promessas mentirosas de garantias de solução já foram dadas pela empresa (inclusive por membros da diretoria), no entanto, a Cagece insiste em descumprir o contrato firmado com a prefeitura e a lei municipal que trata do Acordo Coletivo de Trabalho. A lei foi aprovada pela Câmara dos Vereadores e sancionada pelo Prefeito da Cidade. A Cagece, com essa postura ilegal e injusta, está violando o direito à remuneração e à saúde dos trabalhadores e de suas famílias que estão sendo gravemente prejudicadas.
Uma reunião dos trabalhadores com a Procuradoria Geral do Estado está marcada para o dia 04 de julho, às 11h.
Protesto
Na última segunda (25/06), a categoria promoveu, juntamente com a direção do Sindiagua, um ato de protesto na cidade. Mais de 100 pessoas (entre trabalhadores, familiares e representantes de movimentos sindicais) realizaram uma carreata pelas ruas da cidade com destino à sede da Câmara Municipal, onde lotaram as galerias da Casa, que estava em sessão ordinária. Jadson Sarto, presidente do Sindiagua, utilizou a tribuna da Casa para reivindicar apoio dos parlamentares. Todos os vereadores se comprometeram em ajudar a categoria e se manifestaram contra o modelo de concessão do serviço de saneamento que está em estudo na Cagece. Segundo Jadson, a mobilização foi fundamental para alertar à população sobre os riscos impostos pela Cagece ao setor de saneamento da cidade.