Entregar nosso bem mais precioso para grupos privados está longe de ser um bom negócio. Em todo o mundo são vários os casos de cidades que decidiram reverter as privatizações da água por conta da insatisfação da população com os resultados negativos que as gestões privadas trouxeram, entre eles aumento exorbitante das tarifas, demissões em massa, queda da qualidade do atendimento à população (especialmente a mais carente), falta de investimentos, danos ambientais e falta de transparência. Reestatizar é uma tendência mundial. Quase duzentas cidades de todos os continentes fizeram isso nos últimos anos, comprovando que, após uma privatização, a lógica do lucro sempre se sobrepõe ao interesse coletivo, inclusive nas privatizações disfarçadas de Parcerias Público Privadas (PPPs).
Vários abusos estão acontecendo em Pernambuco, onde foi feita uma das maiores PPPs do saneamento do Brasil. Segundo notícias da imprensa local, a população pernambucana convive com atrasos em obras e o acesso ao esgoto está praticamente estagnado. A Odebrecht Ambiental (braço do Grupo Odebrecht que venceu a licitação da Parceria Público Privada e assinou um contrato de 35 anos) foi vendida para o fundo empresarial canadense Brookfiel, fazendo com que de, uma hora pra outra, a gestão da água simplesmente mudasse de dono. Além disso, a PPP vem sendo questionada pelo TCE e por prefeitos municipais porque a empresa não vem cumprindo as metas previstas no contrato.
Não vamos cair na balela de secretário dizendo para a imprensa local que os recursos da privatização são para salvar a previdência ou as contas do Estado. Já vimos esse filme de ficção antes. Queremos que o Governo do Estado fique atento para não se igualar à política de retrocessos do Governo Temer e fazer a população pagar um preço alto. Água é um direito humano que não pode ser transformado em mercadoria!
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