O debate sobre “Água e Segurança Alimentar” marcou as comemorações do Dia Internacional da Água na Assembleia. A audiência pública, realizada pela Comissão de Desenvolvimento Regional, Recursos Hídricos e Pesca da Casa, foi presidida pela deputada Eliane Novais (PSB), que solicitou a discussão.
Ela afirmou que “mais que comemoração, o Dia Internacional da Água é um momento de debate. Temos que discutir e buscar soluções para eliminar o desperdício e garantir a qualidade da água, que é essencial para humanidade e todas as formas de vida na terra. Preservar é um desafio e não podemos continuar consumindo sem limites”, destacou.
A deputada ressaltou que a ampliação da rede de saneamento básico é fundamental e defendeu a ampliação de recursos para esta área. Ela explicou que cada município tem que elaborar seu plano de saneamento até o final de 2013, ou ficará sem receber verbas federais.
O ex-diretor do Dnocs, Cássio Borges, especialista em recursos hídricos, ministrou palestra sobre o tema. Para ele, “a questão da água é um problema mundial e a situação de escassez é crítica”. Borges lembrou que muitas cidades cearenses ainda despejam dejetos, inclusive hospitalares, no leito de rios e afirmou que a ampliação da rede de saneamento é urgente.
Borges informou que a transposição das águas do Rio São Francisco vai suprir o consumo humano e animal do Ceará nas próximas décadas. Segundo ele, a solução para o Nordeste pode ser o aumento da produção de hidrelétricas na Amazônia, para que a Usina de Paulo Afonso forneça água para regiões em situações críticas.
O diretor da Superintendência de Obras Hidráulicas do Ceará (Sohidra), Leão Montezuma, disse que uma das maiores preocupações do Estado é garantir a qualidade da água. “É preciso evitar desperdício e a poluição de rios e açudes, o que encarece o tratamento da água e a conta do consumidor”, afirmou Montezuma.
O coordenador de saneamento da Agência Estadual de Serviços Delegados (Arce) falou da importância da elaboração dos planos municipais de saneamento. Segundo ele, apenas cinco cidades cearense têm seus planos. “A expansão do saneamento é fundamental para assegurar a qualidade da água”, disse.
O diretor comercial da Cagece, Antônio Alves, ressaltou que é preciso sensibilizar a população para preservar mananciais e efetivar um uso racional da água, além de investir mais recursos em saneamento.
Presentes ao evento, o ex-deputado federal e coordenador de saneamento do Sindiagua, Sergio Novais, e o presidente do Sindiagua, Jadson Sarto, criticaram a falta de investimentos em saneamento público ambiental e citaram a cidade de Fortaleza. Segundo eles, o saneamento público não vem sendo encarado como uma prioridade. Na nossa capital, a cobertura de esgoto não atinge 50% da cidade. No interior do estado a cobertura não chega a 40. Sergio Novais alertou ainda para o fato de boa parte da rede de esgoto da cidade está com a vida útil comprometida, o que vem aumentando a poluição das praias da cidade e no rio Cocó. “O atual governo está em seu sexto ano de mandato e ainda não priorizou o saneamento. A Cagece teve uma queda no número de funcionários próprios o que compromete a qualidade do serviço e do tratamento da água”, criticou Novais.
Sobre este assunto, Jadson Sarto defendeu a realização de concurso público. “A universalização do saneamento passa pela valorização dos trabalhadores. Já fazem 10 anos do último concurso e hoje o número de terceirizados da Cagece é três vezes superior ao de empregados próprios. A qualidade do saneamento está em risco”, ressaltou.
Também participaram do debate representantes da Cagece, da Cogerh, do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consen), da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado do Ceará (Fetraece), da Capitania do Portos, e ainda, ambientalistas, professores e estudantes.
Fonte: Site da AL com informações da assessoria