A história conta que no ano de 1983, quando o Brasil voltava a respirar ares democráticos, o movimento sindical, bastante reprimido pela ditadura, fazia suas primeiras greves pela recuperação das históricas perdas salariais. Foi nesse contexto que os trabalhadores da Cagece se organizaram e criaram o Sindiagua, que posteriormente passou a representar também os trabalhadores em todo o Estado do Ceará, incluindo SAAEs (Serviços Autônomo de Água e Esgoto), SAAEC (Sociedade Anônima de Água e Esgoto do Crato) e Cogerh.
Ao longo do tempo, tivemos uma trajetória de avanços para a categoria, reforçando a organização dos trabalhadores e qualificando-os politicamente para enfrentar os desafios que viriam (e não foram poucos!). Lutamos pelos Planos de Cargos e Carreiras, concursos públicos e contra os arrochos salariais e as demissões (PDVs), práticas fortemente perpetuadas nos governos neoliberais.
Além deste duro embate interno, enfrentamos, juntamente com a sociedade cearense e brasileira, a luta para barrar a privatização da água. A sede do grande capital era voraz e conseguiu privatizar o serviço de saneamento em países como Argentina, Chile e Bolívia dos generais corruptos. Foi a luta corajosa dos trabalhadores e dos movimentos sociais que impediu que o mesmo acontecesse no Brasil. Aqui, os governos neoliberais conseguiram vender os setores de energia elétrica e telefonia, que hoje cobram tarifas exorbitantes e são campeões de reclamações nos órgãos de defesa do consumidor. O movimento sindical brasileiro venceu ao impedir que o saneamento fosse entregue nas mãos de grupos privados e o Sindiagua deu sua importante colaboração, sendo uma das entidades pioneiras no combate à privatização da água no País.
Hoje a luta é outra, mas tão difícil quanto a passada. Conseguimos que as empresas públicas obtivessem financiamentos que antes, na época do neoliberalismo, eram inacessíveis. No entanto, temos gargalos para fazer chegar água e esgoto nas casas da população, no interior e em Fortaleza.
Temos travado uma luta dura, cobrando do Governo do Estado mais recursos para o saneamento e cobrando da Cagece a justa viabilização desses investimentos. Há anos não temos concurso público. Um esvaziamento inaceitável da empresa que tem, como ”solução”, adotado formas de contratação terceirizada, que cria desigualdades entres os trabalhadores e situações de ilegalidade na companhia. Este cenário representa um retardo preocupante da missão da Cagece, tendo em vista que as cidades crescem com rapidez e o saneamento anda devagar no Ceará.
O Sindiagua tem uma rica história de lutas e conquistas. Uma luta que segue firme e permanente com a união de toda a categoria! Parabéns a todos(as) os(as) trabalhadores e trabalhadoras que contribuíram (e continuam contribuindo) com a trajetória do Sindiagua!
Jadson Sarto, presidente do Sindiagua e da CTB-CE