Presidente da Cagece confirma que não vai pagar PR e promoções

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Em reunião com a direção do Sindiagua, no dia 11/04, o presidente da Cagece, Neurisângelo Freitas, confirmou que a Companhia não irá pagar a PR, nem as promoções dos empregados. A reunião foi solicitada pelo Sindiagua logo após o ato de protesto contra a política de cortes realizado pela entidade com os trabalhadores no dia 04/03, em frente à sede da empresa. A intenção era tentar convencer a presidência da Cagece a rever os cortes que afetaram fortemente a categoria no início deste ano. A reunião aconteceu depois de dois adiamentos da Companhia.
O presidente da Cagece justificou os cortes alegando que a empresa passa por uma situação bastante delicada financeiramente. Neurisângelo alegou ainda que a demora na revisão tarifária da Cagece (que só foi definida em dezembro de 2015) se deu por conta da série de exigências para análise da agência reguladora. O presidente da Companhia demonstrou incômodo com informativo do Sindiagua que questionou a lentidão da direção da empresa em definir o reajuste tarifário. Segundo o cálculo feito pelo Sindiagua e apresentado à Cagece, caso o reajuste de 12% tivesse sido implantado em março com faturamento em abril do ano passado (como foi feito por outras estatais de saneamento que também passam por crises hídrica e econômica), a meta necessária para o pagamento da PR teria sido atingida.
O presidente do Sindiagua, Jadson Sarto, afirmou na reunião que os trabalhadores não têm culpa pela situação de dificuldade financeira da empresa e que não deveriam ser prejudicados por problemas gerados por erros de gestão e descaso do Governo do Estado com o saneamento. “A direção da Cagece, sabendo da dificuldade que se desenhava para a Companhia, deveria, de forma antecipada, ter buscado envolver diretamente o Governador do Estado no problema. No início de 2015, o Governador afirmou com todas as letras que a seca seria tratada com prioridade em sua gestão. Hoje vemos a Cagece, um dos órgãos mais importantes na política de abastecimento de água, passando por um constrangimento sem tamanho, com uma queda drástica na qualidade de seu serviço. Se houvesse o envolvimento direto do alto escalão do Governo do Estado, certamente a situação da empresa não estaria assim”, criticou Jadson. O presidente do Sindicato afirmou ainda na reunião que faltou empenho político da direção da Cagece em buscar resolver os problemas financeiros que agora são jogados para cima do trabalhador. “Somente depois de um ano de crise, a direção da Cagece foi procurar o Governador para pedir autorização de um segundo reajuste da tarifa. As dificuldades, portanto, poderiam ter sido minimizadas. E agora a Cagece repete a velha regra de, em tempos de crise, atingir o lado mais frágil, que é o bolso do trabalhador”, criticou.
O presidente do Sindiagua lembrou mais uma vez que o Acordo Coletivo prevê a possibilidade de a empresa realizar alterações nas metas estabelecidas para garantir o pagamento da PR. O mesmo ACT afirma que alterações de metas devem ser feitas para viabilizar as promoções. “A empresa tem portanto amparo jurídico para rever os cortes e pagar o que é um direito do trabalhador”, reforçou.
A implantação do Plano de Cargos e Remuneração (PCR) em 2016 foi única reivindicação discutida na reunião que o presidente da Cagece acenou possibilidade de considerar. Na última MENP, a Companhia havia afirmado que a implantação do PCR seria adiada novamente, por mais um ano. Neurisângelo se comprometeu em levar a demanda novamente para ser discutida no Conselho de Administração, assim que a situação da empresa melhorar financeiramente, o que pode acontecer com o segundo reajuste tarifário. O Sindiagua lembrou que o ACT previa a implantação do novo PCR para março de 2016.
Ao final da reunião, a direção do Sindiagua lembrou que espera uma mudança de postura da Cagece nas negociações da campanha salarial. “Os trabalhadores estão insatisfeitos e desmotivados e já começam a campanha com perdas. Foram mais de R$ 16 milhões retirados do bolso do trabalhador com esses cortes. Queremos que a direção da Cagece demonstre agora se está realmente preocupada com a situação atual da categoria”, alertou Jadson.
Embora negados pelo presidente da Cagece, o Sindicato vai colocar novamente a PR e as promoções nas negociações da campanha salarial.