Sindiagua cobra providências desde o início da estiagem. Medidas adotadas são distantes da realidade.

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Racionamento de água, nova tarifa de contingência, intensificação da fiscalização de ligações clandestinas e perfuração de poços. Essas expressões passaram a ocupar o noticiário local nos últimos meses. Não poderia ser diferente, pois a seca atingiu um patamar extremamente crítico, com açudes abaixo dos 10% (o Castanhão está com 7%), exigindo respostas enérgicas do Estado. Com o aprofundamento da crise hídrica, algumas dessas medidas citadas finalmente começaram a ser adotadas. Mas é preciso mais.
A questão é: passaram-se cinco anos de seca para o Governo começar a acordar? Por que nunca houve efetivamente um programa de perfuração de poços profundos no Estado? Por que o Governo continuou deixando as indústrias do Pecém consumirem tanta água sem exigir delas um plano de reuso? Por que o Governo não investiu em uma política de irrigação por gotejamento, já que cerca de 70% das nossa água é usada pelo agronegócio? Por que, a exemplo do que fez o Sindiagua há cerca de três anos, não houve uma efetiva campanha de uso consciente de água?
Muitos desses questionamentos vêm sendo feitos pelo Sindiagua desde o primeiro ano de seca em audiências públicas, na imprensa e por meio de boletins informativos e pouco (ou nada) foi feito. O fato é que sobra descaso e falta uma política de convivência com a estiagem.
O Governo ainda reage lentamente e teima em se confiar que ano que vem as chuvas voltarão. Mas estudos metereológicos não dão garantia que o fenômeno climático La Niña (que ocorre de outubro a novembro) pode provocar um bom inverno em 2017. Na última reunião da MENP, Sindiagua questionou à Cagece quais seriam as medidas efetivamente adotadas e, segundo a empresa, o racionamento de água ainda não está completamente definido.
‘‘Enquanto o problema da seca não for tratado como uma política preventiva, capaz de fazer com que, de fato, possamos conviver com os períodos de estiagem, ficaremos reféns de medidas paliativas da indústria da seca. E a população mais uma vez paga o preço caro da falta de planejamento’’, alerta Jadson Sarto, presidente do Sindiagua.
A direção do Sindiagua vai continuar cobrando medidas e dar sequencia à sua campanha de uso consciente da água.

Foto: Fernando Frazão / Fotos Públicas