A cada mês que passa, o cenário da seca (que já dura quatro anos) torna-se mais dramático. No interior do Estado a situação é grave com vários açudes completamente secos. E Fortaleza não está tão distante de um cenário preocupante. O açude Castanhão está com apenas 15% do volume de água, quantidade que garante abastecimento para Fortaleza somente até meados de 2016, caso as chuvas não venham. E os prognósticos da Funceme até o momento apontam para um quinto ano de estiagem, com chuvas abaixo da média.
A previsão de uma possível falta d´água em Fortaleza em 2016 – já feita por técnicos anteriormente – foi confirmada neste mês de setembro, durante reunião do conselho de representantes do Sindiagua, promovida nos dias 10 e 11 de setembro, na sede do Sindicato. A grave crise hídrica foi mais uma vez discutida pelos trabalhadores durante a reunião. Em palestra, o professor e geólogo Adahil Sena apresentou um novo diagnóstico atualizado das 12 regiões hidrográficas do Ceará. O debate apontou, novamente, que houve inércia do poder público diante da situação de gravidade. Investir em águas subterrâneas, em políticas de reuso e racionar tornaram-se medidas cada vez mais emergenciais. Adahil elogiou a iniciativa do Sindiagua que há mais de dois anos tem promovido uma campanha de uso consciente da água. “Essa ação deveria ter partido do poder público, mas o Governo do Estado só tomou atitude semelhante em meados de 2015, porém de forma muito tímida. A sociedade, e em especial, as empresas e o setor do agronegócio, ainda não estão engajadas e continuam desperdiçando água”, avalia Jadson Sarto, presidente do Sindiagua. Para ele, se houvesse uma real política de convivência com a seca, a situação não teria chegado a esse ponto. “As campanhas de racionamento são importantes para combater a cultura do desperdício, mas é preciso ter cuidado para não tratar a população como culpada. Cobrar economia de água da população e deixar indústrias e agronegócio à vontade é inaceitável. As ações do Governo não têm sido capazes de preparar o Estado para a seca. As comunidades rurais ainda são dependentes dos carros-pipa e a água não é distribuída de forma equilibrada e com qualidade”, conclui.
Para Adahil, as empresas do Complexo Portuário do Pecém – que utilizam água do Castanhão – deveriam ter feito um estudo para explorar águas subterrâneas da região antes de se instalarem. “O Estado deveria ter exigido como contrapartida das empresas do Pecém uma política de reuso de água”, completa Jadson.
A direção do Sindiagua vai continuar cobrando do Governo do Estado ações de convivência com o semiárido, entre elas uma campanha massiva de combate ao desperdício.
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